sexta-feira, 17 de junho de 2016

Temer e Tite



De um lado, a governança política do país, do outro, a liderança da seleção brasileira de Futebol masculino. Em ambos os casos, o Brasil experimenta atualmente uma mudança de rumo e de forma de trabalho.


Semelhanças
Ambas mudanças acontecem num momento de terra arrasada, tanto da política quanto do futebol. Nas duas situações vivemos o pior momento da história do Brasil. Neste contexto, a mudança de liderança traz de volta ao povo Brasileiro um fio de esperança de que os rumos serão outros. Tanto Tite, quando Temer, despertam na nação uma expectativa de mudança para melhor.

Os dois líderes montaram suas equipes de trabalho com seu time de confiança, mudando muito da estrutura de apoio em que encontraram. Tite leva consigo, boa parte da comissão técnica e médica do Corinthians, enquanto que Temer estruturou seus ministérios acomodando sua base aliada.

Ainda que não tenha tido tempo de mostrar seu trabalho, pelo conhecimento que já se tem do Tite, nota-se que ele traz um antagonismo em relação ao Dunga. Já Michel Temer, tem demonstrado que sua política econômica se choca frontalmente a de Dilma.

Diferenças
O maior risco que a esperança corre de ser desvanecida está nas diferenças que nossos novos “comandantes” apresentam nessa mudança de país. Enquanto Temer se mostra extremamente flexível em sua estruturação ministerial, Tite, de pronto, apresentou suas exigências para poder aceitar o desafio que lhe estava proposto.

Temer trouxe para dentro de casa, parte do que Dilma tinha em sua equipe. Isto em si não é um problema. O grande problema é permitir que justamente envolvidos na corrupção que derrubou Dilma continuassem no governo, provavelmente porque o próprio Temer, assim como Dilma, são alguns dos corruptos.

Tite, antes de ter aceito o convite da CBF, tinha tido postura de total desligamento com o que havia na seleção brasileira, sem deixar espaço para aproximação. Inclusive participou de abaixo-assinado pedindo renúncia do atual presidente. Postura esta que lhe deu credibilidade de exigir total mudança na equipe, justamente o que faltou ao Temer com postura dúbia.

Os próximos capítulos dessas duas séries ainda são incógnitas. Atualmente, vê-se ao menos esperança de melhora nas duas situações. O caso que permitirá concretização da esperança será o que seguir pelo caminho apresentado nas semelhanças. Temer, porém, se continuar se diferenciando de Tite em sua postura, fatalmente trará grande frustração a esperança depositada.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Sede de Justiça ou apenas preferência por coligação?

Se tem algo que tem ficado claro a tempos é que o papel de achar defeitos e injustiças alheias para denunciá-las é o mais fácil de todos. Não por isso seja errado denunciar o que é devido, mas, a falta em analisar se isso tem sido feito somente pela busca de se ter a imagem de paladino na justiça, é no mínimo falta de sabedoria.

Se denunciar alguma injustiça clara é fácil, dificílimo é ser imparcial na busca pela justiça.

Para exemplificar essa parcialidade, o momento político nos deixa inúmeros exemplos. A última onda de mostras grátis é o vazamento de áudios que mostram o senador Romero Jucá intencionando obstruir o alcance da operação Lava Jato.

Algumas reações são dignas de análise para este texto. PSOL acionou PGR para pedir prisão preventiva do ministro, PDT, diz que pedirá cassação deste no conselho de Ética, enquanto PT quer que ele seja investigado.

Por outro lado, diversos expoentes próximos a Romero Jucá, declaram que tudo tem que ser visto com calma, que não era bem aquilo que foi dito e etc.

Pergunto: Estas mesmas falas já não foram ditas em episódios similares, porém, em posições opostas?

Aqui é possível trazer o alerta que este texto deseja. A sede tem que ser pela justiça. Que seja imparcial. Que as reações contra as injustiças sejam as mesmas, independente se o agente que a cometera seja de “meu grupo” ou do “grupo oposto”. Que não haja escolha do que devo ou não denunciar.

Fora isto, a única coisa que é denunciada nestas falas é a preferência por coligação A ou B.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Dois Representantes



Existe na cabeça, uma preguiça,
uma preguiça de pensar.
Existe na cabeça um comodismo
em aceitar o popular.

O povo não tem interesse
em conhecer o seu fim,
e por isso não procura
saber o que Deus diz.

Um pecado entrou,
e a morte se instaurou.
Quando Adão, a fruta, comeu,
a morte a todos derrotou.

Ele era o representante
de cada um de nós.
Ainda bem que Cristo salva
quem corresponde a sua voz.

Adão conduziu a todos nós
para este fim sofrido.
Cristo também nos representa,
recebendo a morte de castigo.

Obedeceu aos mandamentos,
o único em tal obra.
E recebeu a punição,
que de fato era nossa.

Em três dias ressuscitou,
após morte tão notória,
e aqueles que estão em Cristo,
também tem esta vitória.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

# Objetivos de Paulo para Timóteo em Éfeso #

1 Timóteo
1.3   Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina,
1.4   nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé.
1.5   Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia.
1.6   Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola,
1.7   pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações.





1 – Combater o ensino de outra doutrina. (Verso 3);
Verificar no restante da carta indícios de qual doutrina ele menciona;


2 – Combater o ensino de falsa espiritualidade (Versos 4, 6-7);
Questões teológicas com uso indevido, só para obtenção de status e não com vistas a piedade;
Pessoas queriam parecer ser melhor que os outros, se passando por mestres, fazendo ousadas asseverações, mas sem saber de fato o que dizem.
Verificar na carta, indícios desse ponto;


3 – Alcançar os seguintes objetivos:
a) Amor que procede de coração puro;
b) Consciência boa;
c) Fé sem hipocrisia.
Veja que se trata de vida cristã na prática e não na teologia teórica soberba que cria patamares de separação no corpo de Cristo.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Reforma política é necessária, mas que seja para valer !!



A impressão é que a atual estrutura política deixou de ser um acesso do povo ao governo para ser um refúgio dos governantes do povo.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Teologia e Doxologia

 

Teologia e Doxologia

 

Gerrit Scott Dawson

Dr. Gerrit Scott Dawson é pastor da Primeira Igreja Presbiteriana em Baton Rouge, La, e autor dos livros Jesus Ascended: The Meaning of Christ's Continuing Incarnation e Called by a New Name: Becoming What God Has Promised
Seres angelicais se aproximam do trono do Deus triuno. Eles chegam diretamente à Sua presença, porque não precisam de nenhum mediador. Nenhum pecado os impede de entrar, e Deus deu a essas criaturas a capacidade de se aproximarem e não serem incineradas pela Sua glória. É seguro dizer que esses anjos conhecem mais do que nós? Mas o que estes seres bem informados fazem na presença de Deus? Segundo Apocalipse 4:10, eles se prostram, lançam suas coroas e cantam. Resumindo, eles adoram a Deus com todo o seu ser.
Eu leio muitos livros de teologia. Esse é o meu trabalho—e minha paixão. Porém, toda  vez que escolho um livro, eu lanço um desafio silencioso: "Faça-me cantar". Eu vou a muitos cultos de adoração. Esse também é o meu trabalho—e minha paixão. Meu desafio é: "Leva-me mais fundo". O conhecimento de Deus e o louvor a Deus; a teologia e a doxologia estão interligadas. Elas são parceiras de dança na satisfação do nosso principal objetivo: glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
A teologia que não nos faz cantar falhou em sua missão, não importa quão correta ela seja. A adoração que não nos leva ao mais profundo de Cristo também falhou, não importa quão gloriosa seja a música ou quão aplicável, o sermão. Louvar a Deus de forma adequada significa aprofundar o nosso conhecimento deste Deus que adoramos. Nossos corações devem ficar em chamas quando verdadeiramente examinamos como o Pai enviou seu Filho ao mundo para nos salvar, e depois nos uniu ao Salvador quando enviou o Seu Espírito Santo aos nossos corações. Uma ótima teologia mexe com o coração. Uma excelente adoração aumenta o nosso conhecimento.
Vamos tomar como exemplo duas estrofes do hino de Joseph Hart "Venham, Pecadores". A letra foi redefinida várias vezes em ambos os estilos tradicional e contemporâneo, o que vem a ser um testemunho sobre seu poder duradouro. As palavras nos levam mais profundamente à obra de Cristo, de uma forma que somos inspirados a entregar nossos corações em adoração:
Veja-o prostrado no Jardim / No chão, o Seu criador está / Na árvore cheia de sangue, contempla-o / Pecador, isso não te basta?
Em apenas quatro pequenos versos, entramos na narrativa da obra do nosso Salvador. Um grande paradoxo teológico é evocado através de um imaginário vívido. Contemplamos não somente um homem, mas Deus encarnado. O sublime Criador de todas as coisas está com Seu rosto ao chão da criação. O Deus impassível se une a uma natureza humana que pode sofrer agonia. Quem consegue compreender isso? Mas depois, Hart transforma sua teologia em um chamado à adoração: "Pecador, isso não te basta?". Saber o que Deus fez não o leva a adorar?
A próxima estrofe dá continuidade à nossa jornada rumo ao mistério teológico, enquanto Hart responde à "eterna" pergunta teológica: "O que Jesus está fazendo agora?".
Eis! O Deus encarnado ascendeu / Defende o mérito de seu sangue / Lance-se nele, lance-se por inteiro / Não deixe a confiança em nenhuma outra coisa interferir.
Hart evoca a passagem crucial de Hebreus: "Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles" (7:25). Jesus continua em Seu sacerdócio a aplicar, em nosso favor a obra consumada de Seu sacrifício, não apenas para justificação, mas também para o nosso crescimento em santificação. Que maravilhoso - Jesus vive para interceder por nós. Como eu poderia confiar em outro alguém? "Sim," meu coração chora enquanto eu canto esta verdade teológica: "Vou lançar-me em Jesus. Darei a minha vida inteiramente e somente a ele".
João Calvino era um dos teólogos mais doxológicos. Ao escrever sobre a Ceia do Senhor, Calvino regozijou-se em afirmar que, por meio da união com Cristo, "tudo o que é dele pode chamar-se nosso". No que agora transformou-se em um trecho famoso, Calvino articulou esta maravilhosa troca:
Esta é a maravilhosa permuta que, por sua imensurável benevolência, ele fez conosco; que, ao se tornar Filho do homem conosco, ele nos fez filhos de Deus com ele; que, pela sua vinda a terra, ele nos preparou uma ida ao céu; que, ao assumir nossa mortalidade, ele nos concedeu sua imortalidade; que, ao aceitar a nossa fraqueza, ele nos fortaleceu com seu poder; que, ao receber nossa pobreza sobre ele, ele nos transferiu sua riqueza; que, ao levar sobre si o peso de nossa iniquidade (que nos oprimia), ele nos vestiu com sua justiça. (As Institutas, 4.17.2)
Com este conteúdo em nossos hinários teológicos, como os calvinistas podem ser chamados os friamente escolhidos? Esta é a grande questão do universo: Deus trocou Sua vida pela nossa morte, Sua paz pela nossa ansiedade, Seu lar celestial pelo nosso exílio de órfãos, Seu perdão pelo nosso pecado. E, surpreendentemente, Ele considera isso uma ótima barganha. Tais notícias nos fazem querer sair deste teclado e correr pelas ruas, gritando.
Teologia deve nos fazer cantar. Adoração deve nos levar ao mais profundo da verdade gloriosa da obra de nosso Redentor. As duas devem ser parceiras nesta dança rumo à eternidade.

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Data: 20/06/2013
Categoria: Sem Categoria

A Vontade de Deus

 

A Vontade de Deus

 

John Piper

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.
 
Qual é a vontade de Deus e como a conhecemos?
Romanos 12:1-2
1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
O propósito de Romanos 12:1-2 é que tudo na vida deveria se tornar uma "adoração espiritual". O versículo 1: "Apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional". O propósito de toda a vida humana aos olhos de Deus é que Cristo seja tão precioso quanto ele é. A adoração significa usar nossas mentes, corações e corpos para expressar o valor de Deus e tudo o que ele representa para nós em Jesus. Há uma forma de viver - uma forma de amar - que realiza isso. Existe uma forma de executar seu trabalho que expressa o verdadeiro valor de Deus. Se você não pode encontrá-la, talvez, signifique que você precisa mudar de emprego. Ou pode ser que o versículo 2 não esteja se cumprindo na extensão que deveria.
O versículo 2 é a resposta de Paulo sobre como tornamos tudo em nossa vida uma adoração. Precisamos ser transformados.  Não apenas nosso comportamento externo, mas a forma que sentimos e pensamos - nossas mentes. O versículo 2: "Mas transformai-vos pela renovação da vossa mente".
Tornar-se o que você é
Aqueles que creem em Cristo Jesus já são novas criaturas compradas com sangue. "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura" (2 Coríntios 5:17). Porém, agora, precisamos nos tornar o que nós somos. "Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento" (1 Coríntios 5:7).
"E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Colossenses 3:10). Você foi criado novo em Cristo; e agora você é renovado dia a dia. É nisso que focamos na última semana.
Agora, focamos na última parte do versículo 2, o propósito da mente renovada: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, [agora, surge o propósito]  para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Desse modo, este artigo terá como foco o sentido da expressão "vontade de Deus" e como podemos conhecê-la.
As duas vontades de Deus
Há dois sentidos claros e muito diferentes para a expressão "vontade de Deus" na Bíblia. Precisamos conhecê-los e definir qual deles é usado em Romanos 12:2. De fato, saber a diferença entre esses dois sentidos da "vontade de Deus" é crucial para entendermos um dos maiores e mais perplexos fatos em toda a Bíblia, que Deus é soberano sobre todas as coisas. Significa que Deus desaprova algumas coisas que ele ordena que aconteçam. Isto é, ele proíbe algumas das coisas em que ele é a causa. E ele ordena algumas das coisas em que causa obstáculo. Ou, para expressar isso de um modo paradoxal: Deus deseja que alguns eventos ocorram em um sentido que ele não deseja em outro sentido.
1. A vontade de decreto ou vontade soberana de Deus
Vamos examinar as passagens da Escritura que nos fazem pensar dessa forma. Primeiro, considere as que descrevem "a vontade de Deus" como seu controle soberano sobre tudo o que acontece. Uma das mais explícitas é o modo como Jesus falou da vontade de Deus no Getsê mani quando orou . Ele disse em Mateus 26,39: "Meu Pai, se possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres". A quê a vontade de Deus se refere nesse versículo? Ela se refere ao plano soberano de Deus que ocorrerá nas próximas horas. Você relembra como Atos 4:27- 28 declara isto; "Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram". Portanto, a "vontade de Deus" era que Jesus morresse. Esse foi o seu plano, seu decreto. Não havia como mudá-lo e Jesus se curvou e disse: "Aqui está o meu pedido, mas faça o que for melhor". Essa é a vontade soberana de Deus.
E não deixe de entender um conceito bastante crucial aqui que inclui os pecados do homem. Herodes, Pilatos, os soldados, os líderes judeus - todos eles pecaram ao cumprirem a vontade de Deus, que seu Filho fosse crucificado (Isaías 53:10). Desse modo, entenda esse aspecto com muita clareza: Deus deseja que aconteçam algumas coisas que ele odeia.
Aqui há um exemplo de Pedro. Em 1 Pedro 3:17, ele escreve: "Porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal". Em outras palavras, talvez seja a vontade de Deus que cristãos sofram por fazer o bem. Ele tem em mente a perseguição. Mas a perseguição de cristãos que não merecem isso é pecado. Por conseguinte, Deus, às vezes, deseja que eventos aconteçam e que incluam o pecado. "É melhor sofrer por fazer o bem, se isso tiver que ser a vontade de Deus".
Paulo apresenta uma declaração sintética e abrangente dessa verdade em Efésios 1:11: "Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade". A vontade de Deus é o governo soberano dele em tudo o que acontece. E há muitas outras passagens na Bíblia ensina ndo que a providência de Deus sobre o universo se estende aos detalhes mais simples da natureza e decisões humanas. Nenhum pardal cairá por terra sem o consentimento de vosso Pai (Mateus 10:29). "A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão" (Provérbios 16:33). "O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor" (Provérbios 16:1). "Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o seu querer, inclina-o" (Provérbios 21:1).
Este é o primeiro sentido da vontade de Deus: o controle soberano de Deus sobre todas as coisas. Chamaremos isso de "vontade soberana" ou "vontade de decreto" de Deus. Ela não pode ser quebrada. Ela sempre acontece. "Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: 'O que fazes?'" (Daniel 4:35).
2. A vontade de preceito de Deus
Agora, o outro sentido da "vontade de Deus" na Bíblia é que podemos nos referir à "vontade de preceito". Sua vontade é o que ele nos manda fazer. Essa é a vontade de Deus que podemos desobedecer e podemos falhar em cumprir. A vontade de decreto de Deus, nós a cumpriremos ainda que creiamos nela ou não. Já a vontade de preceito, podemos falhar em cumpri-la. Por exemplo, Jesus disse: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mateus 7:21). Nem todos cumprem a vontade de seu Pai. Ele declara assim. "Nem todos entrarão no reino dos céus". Por quê? Porque nem todos fazem a vontade de Deus.
Paulo afirma em 1 Tessalonicenses 4:3: "Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição". Aqui, temos um exemplo muito específico sobre o que Deus preceitua para nós: santidade, santificação, pureza sexual. Essa é sua vontade de preceito. Mas, ó, muitos não a obedecem.
Então, Paulo declara em 1 Tessalonicenses 5:18: "Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco". Novamente, há um aspecto específico de sua vontade de preceito: em tudo, dai graças. No entanto, muitos não cumprem essa vontade de Deus.
Mais um exemplo: "Ora, o mundo passa, bem como a sua ganância; aquele, porém, que faz a vontade de Deus, permanece eternamente" (1 João 2:17). Nem todos permanecem para sempre. Alguns permanecem, outros não. A diferença? Alguns fazem a vontade de Deus, outros não. A vontade de Deus, nesse sentido, nem sempre acontece.
Assim, concluo dessas passagens e de muitas outras da Bíblia, que há duas formas de falar a respeito da vontade de Deus. Ambas são verdadeiras e importantes para se compreender e crer. Uma, podemos chamar vontade de decreto de Deus (ou sua vontade soberana) e a outra, podemos chamar vontade de preceito de Deus. Sua vontade de decreto sempre acontece independente se cremos nela ou não. Sua vontade de preceito pode ser quebrada.
A preciosidade dessas verdades
Antes de relacionarmos as duas formas da vontade de Deus à passagem de Romanos 12:2, permita-me comentar como são preciosas essas duas verdades. Ambas correspondem a uma profunda necessidade que todos temos quando somos profundamente machucados ou vivenciamos grande perda. Por um lado, precisamos ter a segurança de que Deus está no controle e, portanto, é capaz de fazer com que todo sofrimento e perda cooperem para o meu bem e o bem de todos os que o amam. Por outro lado, necessitamos saber que Deus é solidário conosco e não tem prazer no pecado ou sofrimento em si mesmo ou do que advém deles mesmos. Essas duas necessidades correspondem à vontade de decreto de Deus e à sua vontade de preceito.
Por exemplo, se você foi severamente violentado quando criança e alguém lhe pergunta: "Você considera que isso foi a vontade de Deus?" Você, agora, tem uma maneira de formular um sentido bíblico para es sa experiência e apresentar uma resposta que não contradiz a Bíblia. Você pode dizer: "Não, isso não foi a vontade de Deus, porquanto ele preceitua que os seres humanos não sejam violentos, mas que amem uns aos outros. A violência quebrou seu mandamento e, por conseguinte, moveu seu coração com ira e tristeza (Marcos 3:5). Mas, em outro sentido, sim, foi a vontade de Deus (sua vontade soberana), porque há centenas de modos como ele poderia ter impedido esse acontecimento. Todavia, por razões que não entendemos plenamente ainda, ele não o fez".
E correspondendo a essas duas vontades, há duas coisas de que o cristão precisa nessa situação: uma é um Deus que é forte, soberano o bastante para transformar isso para o bem; e a outra é um Deus que é capaz de ser solidário com você. Por um lado, Cristo é um soberano grande Rei e nada acontece além de sua vontade (Mateus 28:18). Por outro lado, Cristo é um Sumo Sacerdote e se solidariza com sua fraqueza e sofrimento (Hebreus 4:15). O Espírito Santo nos conquista e vence nossos pecados quando ele deseja (João 1:13; Romanos 9:15 -16), e permite a si mesmo ficar entristecido, ser apagado e sentir ira quando ele o quiser (Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19). Sua vontade soberana é invencível e sua vontade de preceito pode ser deploravelmente quebrada.
Precisamos de ambas verdades - dessas duas compreensões da vontade de Deus - não apenas para conferir sentido à Bíblia, mas para nos apegarmos firmemente a Deus quando estivermos sofrendo.
Qual das duas vontades é referida em Romanos 12:2?
Agora, qual dessas verdades é referida em Romanos 12:2: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus"? A resposta é que Paulo se refere à vontade de preceito de Deus. Digo isso por, pelo menos, duas razões. Uma é que Deus não tem a intenção de que saibamos sua vontade soberana antecipadamente. "As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós" (Deuteronômio 29:29). Se você deseja saber os detalhes futuros da vontade de decreto de Deus, você não quer uma mente renovada, você quer uma bola de cristal. Isso não se chama transformação e obediência; chama-se adivinhação, vaticínio.
A outra razão para dizer que a vontade de Deus em Romanos 12:2 é a vontade de preceito e não sua vontade de decreto é que a frase "para que experimenteis qual seja a boa" implica que devemos aprovar a vontade de Deus e então, obedientemente, cumpri-la. Porém, de fato, não devemos aprovar o pecado ou praticá-lo, embora ele seja parte da vontade soberana de Deus. O sentido de Paulo em Romanos 12:2 é parafraseado em Hebreus 5:14: "Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal". (Veja outra paráfrase em Filipenses 1:9-11). Esse é o propósito do versículo: não se referir à secreta vontade de Deus que ele planeja realizar, mas ao discernimento da vontade revelada de Deus que deveríamos cumprir.
Três estágios do conhecimento e do cumprimento da vontade revelada de Deus
Há três estágios do conhecimento e cumprimento da vontade revelada de Deus, isto é, sua vontade de preceito; e toda ela requer a renovação da mente com o Espírito Santo concedendo o discernimento de que falamos anteriormente.
Primeiro estágio
Primeiro, a vontade de preceito de Deus é revelada com autoridade definitiva e decisiva somente na Bíblia. E precisamos da mente renovada para compreender e aceitar o que Deus preceitua na Escritura. Sem a mente renovada, distorceremos as Escrituras para evitar obedecer a seus mandamentos radicais de abnegação, amor, pureza e suprema satisfação em Cristo somente. A vontade de preceito autoritária de Deus é encontrada apenas na Bíblia. Paulo afirma que as Escrituras são inspiradas e tornam o cristão "perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Timóteo 3:17). Não apenas para algumas boas obras. "Toda boa obra". Ó, quanta energia, tempo  e devoção os cristãos deveriam dedicar meditando na Palavra de Deus escrita.
Segundo estágio
O segundo estágio da vontade de preceito de Deus é nossa aplicação da verdade bíblica às novas situações que talvez sejam tratadas explicitamente na Bíblia. A Bíblia não fala com qual pessoa se casar, ou qual carro dirigir, ou se  deve possuir uma casa, ou onde deve desfrutar suas férias, qual plano de telefone celular você deve comprar, qual a melhor marca de suco de laranja que deve consumir. Ou mil outras escolhas que você deve fazer.
É necessário que tenhamos uma mente renovada; que seja tão moldada e tão dirigida pela vontade revelada de Deus na Bíblia que percebamos e avaliemos todos os fatores relevantes com a mente de Cristo, e discirnamos o que Deus nos chama a realizar. É muito diferente de tentar constantemente ouvir a voz de Deus dizendo faça isso ou faça aquilo. As pessoas que tentam conduzir suas vidas ouvindo vozes não estão em harmonia com Romanos 12:2.
Há uma diferença imensa entre orar e trabalhar para uma mente renovada que discerne como aplicar a Palavra de Deus, por um lado, e o hábito de pedir a Deus para lhe dar uma nova revelação sobre o que fazer, por outro lado. Adivinhação não requer transformação. O propósito de Deus é uma nova mente, uma nova forma de pensar e julgar, não apenas nova informação. Seu propósito é que sejamos transformados, santificados, libertos pela verdade de sua Palavra revelada (João 8:32; 17:17). Assim, o segundo estágio da vontade de preceito de Deus é o discernimento da aplicação das Escrituras às novas situações da vida por meio de uma mente renovada.
Terceiro estágio
Finalmente, o terceiro estágio da vontade de preceito de Deus se refere à vasta maioria de nós, que não reflete antes de agir. Arrisco-me a dizer que em 95% do seu comportamento você não premedita. Isto é, a maioria de seus pensamentos, atitudes e ações são espontâneas. São apenas extravasamento do que está no interior. Jesus disse: "Porque a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau, do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo" (Mateus 12:34-36).
Por que chamo isso de parte da vontade de preceito de Deus? Por uma razão. Porque Deus preceitua coisas como: não se ire. Não seja orgulhoso. Não cobice. Não fique ansioso. Não seja ciumento. Não seja invejoso. E nenhuma des sas ações são premeditadas. Ira, orgulho, cobiça, ansiedade, ciúme, inveja - elas todas surgem no coração sem a reflexão ou intenção. E somos culpados por causa delas. Elas quebram o mandamento de Deus.
Portanto, não está claro que há uma grande tarefa na vida cristã? Ser transformado pela renovação de sua mente. Precisamos de novos corações e novas mentes. Faça com que a árvore seja boa e o fruto será bom (Mateus 12:33). Esse é o grande desafio. É o que Deus o desafia a fazer. Você não pode fazer isso com suas próprias forças. Você precisa de Cristo, que morreu por seus pecados. E você precisa do Espírito Santo para conduzi-lo à verdade que exalta a Cristo .
Entregue-se a isso. Mergulhe na Palavra de Deus; sature sua mente com ela. E ore para que o Espírito de Cristo faça você tão novo que o extravasamento seja bom, agradável e perfeito - a vontade de Deus.


Fonte: Desiring God

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Data: 24/06/2013
Categoria: Sem Categoria