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Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23)
A primeira coisa que Paulo diz é: “pois
todos pecaram”. A palavra “pecado” significa, literalmente, “errar o
alvo”. No caso do ser humano, nós não apenas erramos o centro do alvo,
mas falhamos em acertar qualquer parte dele. Nós erramos o alvo por
completo, quer seja em obedecer à lei de Deus, em permanecer na vontade
de Deus ou em glorificar o nome de Deus. Ora, uma vez que somos nascidos
de novo, ao ouvirmos “Todos pecaram!”, nós deveríamos cair de nossas
cadeiras em adoração a Deus, agradecendo por tão grande salvação, pois
Ele nos livrou de algo terrível! Porém, aqueles que tratam o evangelho
como algo comum ou que criaram para si outro evangelho, deveriam
prostrar suas faces em temor, sabendo que, se Deus não se mover em favor
deles, eles estarão em pecado diante Daquele que é triplamente santo – e
essa é a situação mais terrível que se pode imaginar.
Quando você ouve uma coisa repetidas
vezes, geralmente ela se torna tão comum que perde seu poder. Eu me
recordo da primeira vez em que eu cruzei a cordilheira dos Andes, junto
com um grupo de missionários. Eu não conseguia entender porque o
missionário veterano estava dormindo no meio de toda aquela beleza
majestosa. Então, anos mais tarde, quando eu levei um grupo de jovens
para atravessar a mesma montanha, eu me encontrei roncando. Com efeito,
quanto mais você ouve algo e quanto mais você vê ou lê algo, esse algo
perde um pouco de sua majestade.
“Todos pecaram”. Por que não trememos
diante disso? É porque não sabemos como essa é uma realidade terrível.
Nós não temos consciência do quanto temos pecado, do mesmo modo como um
peixe não sabe o quanto está molhado. Nós nascemos no pecado, nós fomos
concebidos no pecado, nós nascemos num mundo caído em pecado e a única
coisa que nós conhecemos é o pecado. As Escrituras dizem que a nossa
sociedade bebe iniquidade como se fosse água.
Além disso, nós também vivemos num mundo
repleto de ignorância. Nós não temos conhecimento de Deus, não sabemos
quem Deus é e O tratamos como se Ele fosse um tipo de Papai Noel ou como
um vovô bobinho. Nós não entendemos que Ele é o Senhor dos senhores e o
Rei dos reis.
Ao considerarmos o livro de Romanos, nós
vemos o apóstolo Paulo nos apresentando a coisa mais próxima que temos
de uma teologia sistemática. Ainda assim, ele toma os seus três
primeiros capítulos e trabalha com toda a sua força tendo um único
objetivo: fazer os homens desistirem de qualquer esperança carnal,
fechá-los dentro de uma cova, trancar as portas, remover de suas mentes
qualquer alívio na carne, a fim de que eles clamem a Deus por
misericórdia. Quando nós vamos pregar o evangelho em um campo
missionário, precisamos perceber que todo o nosso trabalho é uma
absoluta catástrofe – e que experimentaremos fracasso atrás de fracasso,
à parte do poder de Deus para ressuscitar homens mortos e odiadores de
Deus. Nós precisamos, em nossa pregação, convencer os homens, através
das Escrituras, com toda a nossa força, de que todos pecaram.
Muitos dos pregadores famosos atualmente estão ganhando tanta popularidade porque fazem de seu propósito não
falar sobre o pecado. Porém, ao agirem dessa forma, eles vão contra a
obra do nosso Senhor, que constantemente pregava sobre o pecado. Eles
vão contra a obra dos apóstolos, que trabalharam com toda a sua força
intelectual, movidos pelo Espírito Santo, para revelar o pecado do
homem. E, principalmente, eu posso lhe assegurar que um pregador ou
missionário que não valoriza o pecado não tem a obra do Espírito Santo
em sua vida – porque uma das grandes tarefas do Espírito Santo é
convencer os homens do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Quando
você não crê nisso, você está trabalhando contra o Espírito Santo.
Muitos questionam a Deus o porquê de o
inferno ter duração infinita, se nós temos uma vida limitada de pecados.
A principal razão disso é esta: cada pecado que você comete é cometido
contra um Deus infinitamente digno e bom, logo, o seu pecado é de
gravidade infinita. O problema é que nós nos esquecemos de que o pecado
ainda é pecado! Veja a maneira como falamos sobre ofender ao Senhor: nós
falamos de pecados contra os homens, de pecados contra nós mesmos, de
pecado até mesmo contra a natureza, os animais e as árvores; entretanto,
ninguém se dá conta de que todo pecado, no final das contas, é cometido
contra Deus. Davi pecou contra seu povo ao não representá-lo bem como
rei; Davi pecou contra Bate-Seba ao adulterar com ela; e Davi pecou
contra Urias ao mandar matá-lo. Porém, no final, ele disse a Deus:
“Pequei contra ti, contra ti somente” (Sl 51.4).
Por que o pecado é algo tão terrível? É
porque ele é cometido contra Deus! Como podemos não tremer diante disso?
É porque não compreendemos o que isso significa! E por que não
compreendemos o que isso significa? É porque não sabemos quão glorioso e
bendito Deus é! É uma coisa terrível quando percebemos contra Quem nós
pecamos. Como os puritanos costumavam dizer, nós não pecamos contra um
pequeno líder de uma simples cidade, mas contra o Rei da Glória, Aquele
que está assentado no mais alto e sublime trono.
Imagine isto por um momento: Deus está
no dia da criação, dizendo aos planetas que se coloquem em determinada
órbita no espaço, e todos eles se curvam, dizem “Amém!” e Lhe obedecem.
Ele diz às estrelas que ocupem seus lugares no céu e sigam à risca o Seu
decreto, e elas todas se curvam e Lhe obedecem. Ele diz às montanhas
que se ergam e aos vales que se afundem, e eles se curvam e O adoram.
Ele diz ao bravo mar: “Você virá até este ponto e daqui não passará”, e o
mar O adora. Porém, quando Deus lhe diz “Venha!”, você diz “Não!”.
Você percebe o quão perverso é o nosso pecado?
Por Paul David Washer. Sociedade Missionária HeartCry. Website: www.heartcrymissionary.comExtraído do livro O Verdadeiro Evangelho. © 2012 Editora Fiel. Usado com permissão. Website: www.editorafiel.com.brPermissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
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